Pelo desejo de honrar a memória daqueles que, sendo ilustres desconhecidos, ajudaram a fazer nascer o sonho da Liberdade, nasceu este projecto, sob o nome de Celeste Caeiro, a mulher que ofereceu o cravo à revolução de Abril e que aqui homenageamos.
Da beleza do seu gesto aparentemente singelo e generoso mas, simultaneamente, tão forte simbolicamente, reflectimos sobre o poder das pequenas e simples acções e de como elas podem alterar a consciência colectiva de todo um povo. De repente, o cravo abriu-se não só como uma flor sanguínea, do coração, mas, também, como um flúvio de esperança, num mundo mais justo e mais belo.
Essa esperança que se multiplica nas milhentas pétalas do cravo – flor que não é da realeza, como a rosa ou o lírio, mas que é do povo e que, como ele, é resistente, de caule rijo e flexível – foi-nos entregue por esta mulher que, sem o saber, e com total desprendimento, se deu a nós e se tornou, ela também, símbolo do dia mais bonito da nossa História colectiva.
A ela, mulher incógnita do povo, e a todos aqueles que, na escuridão das sombras, se deram a si, às suas vontades e aos seus corpos
de formas que nos parecem inimagináveis, oferecemos este concerto, juntando a nossa arte no melhor das nossas capacidades, a este fôlego que não queremos que esmoreça nunca.
Nenhum de nós viveu este dia, pois ainda éramos apenas matéria “insonhada” dos nossos pais, mas todos o recordamos, por via da
eterna Celeste, que coloriu de vermelho o nosso imaginário, espalhando uma manta de pétalas folhadas sobre as armas e os homens que as empunhavam. Foi ela que ligou, num acaso feliz da sorte, todos os eventos, toda a confusão que se gerou naqueles momentos. Ela uniu os corações. Não esqueceremos e tudo faremos para continuar a espalhar os seus cravos, por cima dos olhos e brotando pelos ouvidos daqueles que nos quiserem escutar.
Neste programa, olharemos assim, e como sempre será nos projectos do Achillea, de forma refrescada, para muitas das músicas que, também com as suas cores, ajudaram a multiplicar a pintar a revolução nas nossas mentes. As músicas que conhecemos e sabemos de cor, que nos enchem os ouvidos e das quais não nos cansamos. Olharemos, assim, de frente para alguns dos compositores e autores dos temas que inundam o nosso imaginário, mas teremos, também, um original muito especial e que dá o seu nome a este programa…
Até sempre, Celeste!
Entrada: 10 BOTAS